Como muitos devem saber, está sendo veiculada a noticia de que duas garotas foram expulsas de um colégio por serem homossexuais. Os detalhes são bem chocantes, como a atitude dos professores e a comparação de homossexualidade com assassinato. Porém não foi isso que me chamou atenção. Foi a desculpa dada pela escola para justificar as expulsões:
"A verdade é que ela infringiu uma regra clara da escola e por isso ela recebeu a sanção do afastamento, a questão da intimidade sexual. O aluno, independente se é um relacionamento homossexual ou heterossexual, ele recebe a mesma consequência”, afirma o diretor do colégio Weslei Zukowski.Ou seja: "Não somos preconceituosos: reprimimos sexualmente todos nossos alunos." Certo...
Porem não pude deixar de me recordar de um caso também ocorrido em uma escola, quando um garoto foi punido por não tirar o boné na hora da oração. Claro, a regra do colégio era que o boné não era permitido em sala de aula, então pedir que alguém remova o boné é totalmente condizente com as regras. Mas o ponto é que o mesmo não era cobrado de nenhum outro aluno em nenhum outro momento: apenas o aluno que se recusou a faze-lo em um momento específico (nota: a escola era pública).
Acredito que essa aplicação seletiva de leis como veículo de preconceito não seja uma questão pontual. A tempos lembro de ter lido em uma entrevista na Piauí (infelizmente não poderei referenciar) na qual um delegado explicava como a lei é construida para criminalizar o pobre. Um bom exemplo que vemos sempre são os acusados de crimes de "colarinho branco" respondendo em liberdade, enquanto "ladrões de galinha" são confinados por anos até um julgamento. O motivo disso, até onde me consta, é que um dos critérios para responder em liberdade é possuir um emprego fixo e uma residência, coisa que ladrões de galinha raramente possuem.
Esses são apenas alguns exemplos que podemos ver "legalismos" sendo usados para a perpetuação de ações preconceituosas (e injustiças), e acredito que existam muitos outros.
1 comentários:
A burocracia é um instrumento de regulação utilizado pela instituição. Regula o que transcede as regras que a própria instituição estabeleceu para manter o seu poder, credo e influência, como no caso do estado ao preservar a "elite" preparada em detrimento do povo despreparado; da escola ao preservar o arcabouço educacional, e consequentemente cultural, para a criança "aculturada" que está ali para ser educada, ou melhor dizendo, doutrinada, segundo os credos (não só religiosos mas científicos) da mesma instituição; e porfim da cultura sexual que perpetua uma repressão que favorece um comércio sexual (seja pornografia ou prostituição), resultando em uma pressão de escolha sexual para crianças que muitas vezes nem têm um estímulo fisiológico interno para aquilo, e sim social, resultando em transtornos sexuais, sociais e até psicológicos.
Resumindo: Toda burocracia é uma ferramenta de repressão, e portanto prova maior do autoritarismo e da escravidão social que somos obrigados a seguir desde crianças. Só poderemos evoluir enquanto seres humanos quando obtivermos a liberdade infantil de questionar e experimentar para que possamos ter uma sociedade crítica e científica, que não seja dominada por políticos estatais, religiosos extremistas ou dinheiro.
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